INSETO COLOCA OVOS QUE FUNCIOAM COMO UMA BARREIRA DE PROTEÇÃO CONTRA FORMIGAS (RAPAGULA)
O sistema reprodutivo das fêmeas de Ululodini consiste em dois ovários com um número variável de ovaríolos e alguns são modificados para a produção de rapagula. Como supracitado, esta é uma das características mais marcantes da tribo e foram notadas pela primeira vez por McGuilding (1827) que atribuiu o nome rapagula (que significa barreira) e indicou que, possivelmente, atuariam na proteção.
Uma importante sinapomorfia de Ululodini é a produção de rapagula especializada e distinta da rapagula descrita para alguns Haplogleniini (NEW, 1971).
Anos depois, McClendon (1902) considerou a rapagula de Ululodes como ovos abortados. New (1971) foi o primeiro a estudar comparativamente a ocorrência e anatomia da rapagula, reconhecendo estas estruturas em dois grupos: Haplogleniini (rapagula menos especializada, semelhante aos ovos fecundados) e Ululodini (rapagula extremamente distinta dos ovos fecundados).
Henry (1972, 1978a, 1978b) analisou a rapagula de Ululodes, Ascaloptynx (Fabricius, 1793) e Ascalobyas Penny, 1982 e descobriu que os ovos de Ululodes não são consumidos por formigas e que elas apresentam reações aversivas ao tocar com as antenas na rapagula, entretanto, a rapagula de Ascaloptynx não causa o mesmo efeito. Nos estudos seguintes, o autor discutiu a morfologia e implicações filogenéticas da presença de 19 rapagula, que é uma característica exclusiva dos insetos do Novo Mundo.
Desta forma, aparentemente, a rapagula de Haplogleniini (menos especializada) possui a função exclusiva de provisão para as larvas recém eclodidas, enquanto que as de Ululodini (extremamente especializadas) atuam verdadeiramente na proteção e provisão das larvas.
Ferreira & Yanega (1999) discutiram a respeito da deposição de ovos abortivos por A. furcata, mas não apresentaram uma descrição ou ilustração da rapagula e, portanto, mais estudos ilustrando e descrevendo o formato, número e disposição da rapagula nesta espécie são necessários.
Outro destaque importante é a representação inédita da anatomia interna do abdome de fêmeas de Ululodini demonstrando a rapagula, anteriormente conhecida somente por uma ilustração de New (1971). A produção de rapagula é uma característica tão marcante que é surpreendente o fato de existirem poucos estudos sobre o tema. Mais atenção deverá ser dada a estas estruturas, especialmente considerando variações morfológicas e de número entre as espécies de Ululodini, além de estudos sobre o seu desenvolvimento e função.
Abdome de fêmeas gravídicas de Ascalorphne Banks, 1915 (Myrmeleontidae: Ascalaphinae: Ululodini) demonstrando os ovos fecundados e a rapagula. A) A. impavida (Walker, 1853); B) A. macrocerca (Burmeister, 1839). O: ovos fecundados, R: rapagula.
Referencias
HENRY, C. S. An evolutionary and geographical overview of repagula (abortive eggs) in the Ascalaphidae (Neuroptera). Proceedings of the Entomological Society of Washington, v. 80, p. 75-86, 1978a.
HENRY, C. S. Eggs and rapagula of Ululodes and Ascaloptynx (Neuroptera: Ascalaphidae): a comparative study. Psyche, v. 79, n. 1-2, p. 1-22, 1972
NEW, T. R. Ovariolar dimorphism and repagula formation in some South American Ascalaphidae (Neuroptera). Journal of Entomology, v. 46, n. 1, p. 73-77, 1971.
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